Depressão não está associada aos baixos níveis de serotonina, indica estudo

Ao contrário do que se afirmava anteriormente, não existem evidências suficientes que demonstrem uma relação entre os baixos níveis de serotonina e a depressão 

A depressão é uma das doenças mais comuns no mundo. Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas vivem com isso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os medicamentos utilizados para o tratamento da doença atualmente, estão os chamados inibidores de recaptação de serotonina. Durante a pandemia, esses medicamentos registraram um aumento de 17% em suas vendas, de acordo com o Conselho Federal de Farmácias. 

Mas a análise feita por um estudo britânico demonstrou que é preciso começar a olhar para outro lado, uma vez que não é possível sustentar que a depressão seja causada pelos baixos níveis desse neurotransmissor. Isso leva ao questionamento sobre o próprio efeito do uso dos medicamentos no controle da doença. 

Por que a serotonina é peça chave nisso? 

A serotonina é nada mais que um neurotransmissor, substância químicas que atuam como mensageiros e realizam conexões entre os neurônios. É ela quem estimula o sistema serotoninérgico, ligado ao humor e ao bem-estar. Durante muitos anos relacionou-se à serotonina com a depressão, por meio da teoria do desequilíbrio químico, sendo sugerida pela primeira vez na década de 60 e mais tarde amplamente divulgada com a adoção dos antidepressivos. 

Sobre o estudo 

Publicado pela revista científica Molecular Psychiatry, o estudo revisou 17 artigos sobre o assunto e identificou que nem todos os pacientes diagnosticados com a doença tinham níveis baixos de serotonina. As evidências não são sólidas e insuficientes para confirmar a existência da relação. Segundo consta no estudo, não existem evidências sobre a redução nos níveis do hormônio em pessoas com depressão se comparadas aquelas que não possuem a doença. 

Durante a revisão sistemática, os pesquisadores identificaram estudos com altas evidências, mas que não conseguiam sustentar a teoria, ou mesmo dados com certezas consideradas baixas sobre a associação entre os níveis do neurotransmissor e a doença. 

A partir do resultado do estudo, entende-se que não é qualquer resposta simples que consegue dizer a real causa da depressão. Em entrevista para o portal da University College London, os responsáveis pela pesquisa Joanna Moncrieff e Mark Horowitz afirmam que  “é importante que as pessoas saibam que a ideia de que a depressão resulta de um ‘desequilíbrio químico’ é hipotética. E não entendemos o que a elevação temporária da serotonina ou outras alterações bioquímicas produzidas pelos antidepressivos fazem no cérebro”.